DESCOLONIZAÇÃO DE ANGOLA 1975

terça-feira, 18 de agosto de 2009

MORALMENTE CULPADOS

AS FORÇAS MILITARES PORTUGUESAS E OS SERVIÇOS DE ORDEM E SEGURANÇA ESTAVAM AUSENTES. OU MELHOR DIZENDO, ESTAVAM PRESENTES MAS COMO MEROS ESPECTADORES."

A IMPOTÊNCIA OU A PASSIVIDADE CÚMPLICE SÃO UMA COISA. A ACÇÃO DELIBERADA, OUTRA.

O QUE FIZERAM AS AUTORIDADES PORTUGUESAS DURANTE A TRANSIÇÃO E PRINCIPALMENTE DURANTE OS DERRADEIROS MESES DE 1975, FOI UM CRIME DE TRAIÇÃO E CRIME CONTRA A HUMANIDADE. ORGULHEM-SE OS SENHORES OFICIAIS POR NÃO TEREM SABIDO HONRAR O SEU CÓDIGO DE CONDUTA MILITAR.

SENHORES CIPRIANO ALVES e HEITOR ALMENDRA

AS RESPOSTAS QUE V. EXAS. DERAM E QUE SÃO DESCRITAS NO LIVRO DA ESCRITORA LEONOR FIGUEIREDO NÃO ME PARECEM VÁLIDAS. LEMBRA-ME A HISTÓRIA DE UM HOMEM QUE ESTÁ DE CÓCORAS NA RUA, PROCURANDO ALGUMA COISA. - OUTRA PESSOA SE APROXIMA SOLÍCITA E PERGUNTA O QUE PROCURA. - OUVE QUE ELE PERDEU A CARTEIRA. E SE PROPÕE A AJUDÁ-LO. - DECORRIDO UM TEMPO INFRUTÍFERO, PERGUNTA: - O SENHOR TEM A CERTEZA QUE PERDEU A CARTEIRA AQUI? - O PRIMEIRO RESPONDE: - NÃO, FOI DO OUTRO LADO DA RUA, NAQUELE CANTO ESCURO; MAS ESTOU PROCURANDO AQUI PORQUE TEM MAIS LUZ. É EXACTAMENTE O QUE TÃO DISTINTOS OFICIAIS TENTARAM DIZER: - TÊM ANDADO POR LUGARES CHEIOS DE LUZ, DE CÓCOAS, MAS ESQUECERAM OS CANTOS ESCUROS.

ANGOLA 1974

O progresso e desenvolvimento eram notórios por toda a província ultramarina.
Militarmente a guerra estava ganha. O domínio do território era total e absoluto.
A prosperidade quer económica quer social em Angola era patente aos olhos de todos os que a visitavam e indesmentível perante todo o mundo.

«Numa entrevista do Almirante Rosa Coutinho ao Diário de Notícias de 10 de
Novembro de 1975, diz-se: "Uma das dificuldades que se apresentou para a
descolonização de Angola foi o facto de militarmente a guerra colonial não
apresentar ali, em 25 de Abril, as mesmas condições que se verificavam em
Moçambique ou na Guiné. Assim, em Angola, as forças portuguesas dominavam
praticamente quase todo o território. Os movimentos, de certo modo, estavam a
ser batidos, excepto na região de Cabinda, e o movimento que mais sofreu com
isso foi exactamente o MPLA.
Dada a acção das guerras coloniais portuguesas,
o MPLA, no 25 de Abril, estava praticamente destroçado, sob o ponto de vista militar. Naturalmente que esta situação veio depois a complicar o problema da descolonização, já que o movimento com maior implantação política era, na
altura, o militarmente mais fraco".

Em 1974, os chamados movimentos nacionalistas “MPLA” – “FNLA” – “UNITA” e “MPLA Revolta do Leste”, estavam completamente derrotados no campo militar, pelas Forças Armadas Portuguesas e também pelas forças especiais militarizadas, das quais se deve destacar os Flechas. O seu aniquilamento tinha sido conseguido de tal maneira que as potências que apoiavam e financiavam os movimentos tinham reduzido ou protelado a continuação dos auxílios.

É então que surge o 25 de Abril, golpe revolucionário dos Oficiais do quadro das Forças Armadas (insurreição não inocente e com contornos de motivação que para muita gente ainda está por explicar na sua genuidade).
É necessário recordar, que alguns dos mentores desta acção, decidem para espanto de muitos dos seus camaradas de armas, e para surpresa e espanto dos movimentos independentistas africanos, entregar sem a observância do respectivo período de transição, as até então nossas Províncias Ultramarinas, permitindo ainda a perseguição e expulsão dos brancos que lá se encontravam, muitos deles também lá nascidos e até com várias gerações nesses territórios. Iniciou-se então a fase em que imperou a lei da “negritude” e se instilou o ódio e o revanchismo a todos os brancos.

Em Portugal o regime só podia cair pela força.
O regime nunca abriu a porta para ser ele a conduzir a abertura à democracia.
Só poderia cair pela força. Pelas armas. E foi o que aconteceu.
Os que tinham as armas fizeram o 25 de Abril

Em Portugal a democracia foi alcançada. Fez o seu percurso. O país não entrou em guerra, não se dividiu.

E o que aconteceu a Angola?
O novo poder de Lisboa, não esteve à altura das responsabilidades históricas para com a sua colónia (Província Ultramarina).

As coisas precipitaram-se.

Portugal foi a única potência colonial que faz a descolonização estando ele próprio a passar por uma transformação política. A forte influência de esquerda da nova liderança do novo poder político e militar de Lisboa foi responsável na condução do processo de descolonização. O centro e a direita política não tiveram força para se impor, e desistem naturalmente de intervir no processo de descolonização. As Províncias Ultramarinas deixaram então de ter interesse, avizinhava-se a luta política que teria de ser em Portugal.

Todos os políticos das forças emergentes em Portugal quiseram sacudir esse problema.
Negociaram rapidamente e mal, a transição para a independência das Províncias Ultramarinas.
A sociedade civil dos territórios não foi ouvida.
As negociações fizeram-se com os que tinham feito a luta armada, ou melhor foram impostas.

Isso foi um ERRO. Porque mais uma vez as populações não foram ouvidas.

Os novos senhores de Lisboa sabiam tudo, vinham com a ânsia do poder, de se locupletarem no banquete, queriam lutar pelo melhor lugar á mesa. Traziam ódios recalcados, modelos de sociedade em que eram subservientes, o Povo era escória não valia a pena olhar por ele, o Povo era para somente os servir nos seus apetites.

Quem estava em Angola, pretos, brancos, mestiços azuis amarelos vermelhos passaram de uma tutela, a colonial, para outra, a dos Movimentos de Libertação.

Ninguém quis saber deles, miguem lhes perguntou quantos dentes tinham na boca.

Os senhores de Lisboa que no final lá estiveram a fingir que orientavam aquilo, fugiram ás escondidas, mas antes disseram-nos, esqueçam os 500 anos; agora os novos patrões aqui são estes.

Em Angola os 3 movimentos eram reféns das ajudas externas que beneficiaram durante os longos anos da guerra colonial. Eram reféns da tal política internacional. Dos blocos da época. Da Guerra-fria.

Os movimentos de libertação em Angola estavam tão preparados para governar Angola, como eu para ser agora o novo Primeiro-ministro de Portugal.

Todos fomos muito ingénuos, os que vivíamos em Angola porque as autoridades portuguesas nos tinham dado a indicação de optarmos para a escolha de um dos três movimentos nacionalistas que passariam a três dos possíveis partidos dali em diante. Tocaram a música dos interesses externos. Todos eles. Os novos governantes de Lisboa; o PCP, o PS, o PSD e o CDS, e os que queriam governar Angola; o MPLA, a FNLA e a UNITA. A agenda deles era tomarem o poder. Passar a perna aos outros. Incentivados ao som da música dos que os andaram a financiar anteriormente.